Quero Ser Maquiador(a)
Este post foi publicado originalmente em 22.07.2010
Constantemente pessoas interessadas em seguir a carreira de maquiador(a) me perguntam qual o melhor caminho e o que devem fazer para se tornarem profissionais. Então resolvi escrever esse post para dizer o que penso a respeito do assunto. Isso foi em julho de 2010. Esse post está entre os três mais visitados no blog e as mensagens com dúvidas sobre a profissão, pedidos de orientação e de ajuda se tornaram ainda mais constantes. Então resolvi reeditá-lo acrescentando mais opiniões e quando alguém me pedir ajuda, vou encaminhar direto para cá!
Vou começar pegando pesado (não muito), mas não é para desestimular não, apenas para mostrar a realidade. A princípio qualquer pessoa pode montar uma ‘maleta com meia dúzia de produtos’ e dizer que é maquiador. Muitas pessoas resolveram se tornar maquiadoras e pronto, acreditando que com apenas essa atitude o sucesso e o mercado de trabalho estão garantidos. Simples assim! Será que é porque nossa profissão não exige ‘diploma’ ou formação acadêmica?
Tem muito profissional desqualificado no mercado que chega dar vergonha alheia, assim como acontece em todas as outras profissões. Isso é normal!
Maquiar não é só colocar maquiagem no rosto, colorir, pintar, etc. É preciso ‘ter talento para a coisa’ e conhecimento sobre formas, volumes, luz, colorimetria, texturas, harmonia, moda, tendência, etc. Ou seja, é preciso ser profissional, é preciso estudar.
Eu acredito muito no exercício da repetição. No começo da minha carreira minha maior escola foi a da vida real, maquiando mulheres com os mais variados traços, cores e texturas de pele. Aprendi muito com a experimentação. Já maquiei cinquenta mulheres num único dia, e não eram modelos.
Fazer, observar e avaliar é uma escola que não tem preço. Não achar que o resultado foi o máximo, mas visualizar o que poderia ter sido melhor e na próxima vez melhorar ou tentar de outra forma.
Este resultado foi muito importante para mim, mas não o suficiente para me acomodar. Senti que precisava mais e fui à busca da técnica: estudar, ler, pesquisar, fazer cursos, observar colegas trabalhando, experimentar outras possibilidades e formas. Todas as informações que buscamos são importantes e ficam gravadas como arquivo na memória, quando menos esperamos, elas se manifestam, até inconscientemente.
Se quiser investir na carreira comece fazendo um bom curso, ele pode te ajudar a adiantar muitas etapas e encontrar caminhos. Mas não pense que apenas fazendo um curso e tendo um diploma em mãos a vida estará resolvida, doce ilusão!
E nunca pense que você já sabe tudo e que é o melhor no que faz. As técnicas, os produtos e as tendências mudam constantemente, por isso é preciso buscar atualizações o tempo todo. Esse mercado de trabalho é muito dinâmico, quem ficar estagnado dança! E como tem profissional estagnado, parado no tempo, que trabalha no sistema ‘carimbo’ (sempre a mesma coisa em todo mundo).
Com dezessete anos de profissão, sinto que ainda tenho tanto a descobrir e aprender. A cada etapa planejada e alcançada descubro que quero e que tenho muito mais a aprender. É isso que me dá prazer na profissão. Trabalho a quinze anos para uma das maiores e mais respeitadas marcas de cosméticos do Brasil, O Boticário. Sou Maquiador e Consultor Criativo de duas linhas de maquiagem (Intense e Capricho), que me trazem muitas alegrias e desafios diários. Preciso me reinventar o tempo todo, lançamos em média cinco a seis coleções por ano, não tem como ficar parado repetindo processos. Vou repetir mais uma vez: ‘o mercado de trabalho é muito dinâmico, quem ficar estagnado dança!’
Hoje o acesso às informações é absurdamente maior do que na época em que comecei a trabalhar como maquiador. Essa não é mais uma desculpa. Se quiser ser um profissional qualificado e respeitado no mercado, se mexa. Sorte e oportunidade são dois fatores que, em minha opinião, contam muito, mas que não são suficientes para garantir uma carreira longa e com consistência, é preciso mostrar competência!
Não planejei ser maquiador, não sonhei com essa profissão como muitos de vocês devem sonhar. Sou formado em Ciências Contábeis e também fiz Administração de Empresas, trabalhei nove anos nessa área. Na verdade meu sonho era ser ator de teatro (confuso, né?). Deixeis minha vida estabilizada no Rio Grande do Sul para tentar a sorte e realizar meu sonho em São Paulo (loucura, né?). Descobri minha paixão pela maquiagem no teatro. Uma paixão deu lugar à outra, sorte a minha! Então, se você realmente sonha e deseja trabalhar nessa área corra atrás, o mercado é competitivo sim, como na grande maioria das profissões. Defina o foco da sua carreira de maquiador: publicidade, televisão, cinema, teatro, efeitos especiais, moda, social (salão), formação, consultoria… são tantas opções. Acho que é preciso focar naquela que se tem mais afinidade/habilidade e se dedicar.
Além do meu trabalho como Maquiador e Consultor Criativo no desenvolvimento das linhas Intense e Capricho de O Boticário, também faço publicidade. São dois segmentos da maquiagem bem diferentes e que me dão muitas alegrias e ao mesmo tempo exigem focos diferentes.
Nem sempre o trabalho tem aquela pegada glamourosa, normalmente são horas incansáveis, em pé, com a coluna doendo, em locações que não tem infraestrutura de camarim com luz e ar condicionado. Já fiz publicidade que a diária durou 23hs e no outro dia tinha que estar em outro job com a cara e a disposição de quem tinha dormido 8hs.
A profissão também pode trazer sequelas físicas (como muitas outras). Eu, por exemplo, tenho desgaste na lombar devido à postura inclinada para o lado e tendinite, adquiridos nesses anos todos de trabalho.
O mercado também é muito competitivo e fechado, para entrar em determinado segmento é difícil, precisa ser apadrinhado, apresentado e ganhar a confiança! Cada revista, cada fotógrafo, cada marca que desfila nas Fashion Weeks, cada produtora, cada cliente tem seus maquiadores preferidos. E para se conseguir espaço e entrar nesses universos, infelizmente não é fácil. Mas é normal, porque é preciso que eles tenham confiança, segurança e identificação com os profissionais com quem trabalham.
Para quem está começando a carreira, ou pretende começar, a dica é tentar uma vaga como assistente. Grandes maquiadores começaram suas carreiras dessa forma. Procurar uma agência, um agente ou um salão para te introduzir no mercado. Ser muito dedicado e focado ajuda muito, pode ter certeza!
Ser maquiador(a) vai muito além de ‘aparecer’ na revista ou na TV, ou de maquiar uma ‘artista’. Quem acha que é uma profissão de puro glamour está muito enganado. ‘Ser famoso’ ou ‘ser conhecido’ é importante para nossa carreira, porque abre caminhos e novas possibilidades de trabalho, mas não é tudo. Acho que isso deve ser uma consequência do trabalho. O meu maior tesão na profissão é quando estou num estúdio ou set de filmagem, maquiando, construindo um personagem, um conceito. É quando estou numa processo de criação de uma coleção, desenvolvendo cores, fórmulas e produtos! AMO a ‘mão na massa’.
Normalmente os maquiadores também são cabeleireiros, eu não sou. Tentei, mas não tenho talento e não gosto. Quando se faz as duas coisas é muito mais fácil conseguir trabalho. Perdi (e ainda perco) muitos trabalhos porque não faço cabelo, mas tenho sobrevivido bravamente nesses anos todos! Admiro quem faz as duas coisas bem feitas, no entanto a maioria dá muito ‘truque’. Não acho isso profissional, mas fazer o que!
Só para constar, eu nunca trabalhei em salão (não tive a oportunidade), também nunca fui agenciado por agência e nem por agente. Sempre cuidei da minha carreira pessoalmente, tenho controle de tudo o que faço e quero fazer. Certamente o fato de ter trabalhado na área administrativa me ajuda muito. Tem seu lado bom, mas ter alguém que cuide da sua carreira pode ser muito positivo e pode te impulsionar mais rapidamente para o sucesso.
Adoraria poder fazer alguma coisa pelas centenas de pessoas que me pedem ajuda para começar ou deslanchar na carreira, mas infelizmente não tem muito que eu possa fazer. Quando tiver oportunidades avisarei na minha Fan Page lá no Facebook.
Mais uma coisa, gostar muito de maquiagem é uma coisa, ser maquiador(a) é outra! Pense muito nisso.
Para fechar esse post, quero ilustrar com a imagem de duas maquiadoras que respeito, admiro muito e que tive a oportunidade de conhecer: Pat McGrath e Bobbi Brown.
Bjão e Boa Sorte!
Vou começar pegando pesado (não muito), mas não é para desestimular não, apenas para mostrar a realidade. A princípio qualquer pessoa pode montar uma ‘maleta com meia dúzia de produtos’ e dizer que é maquiador. Muitas pessoas resolveram se tornar maquiadoras e pronto, acreditando que com apenas essa atitude o sucesso e o mercado de trabalho estão garantidos. Simples assim! Será que é porque nossa profissão não exige ‘diploma’ ou formação acadêmica?
Tem muito profissional desqualificado no mercado que chega dar vergonha alheia, assim como acontece em todas as outras profissões. Isso é normal!
Maquiar não é só colocar maquiagem no rosto, colorir, pintar, etc. É preciso ‘ter talento para a coisa’ e conhecimento sobre formas, volumes, luz, colorimetria, texturas, harmonia, moda, tendência, etc. Ou seja, é preciso ser profissional, é preciso estudar.
Eu acredito muito no exercício da repetição. No começo da minha carreira minha maior escola foi a da vida real, maquiando mulheres com os mais variados traços, cores e texturas de pele. Aprendi muito com a experimentação. Já maquiei cinquenta mulheres num único dia, e não eram modelos.
Fazer, observar e avaliar é uma escola que não tem preço. Não achar que o resultado foi o máximo, mas visualizar o que poderia ter sido melhor e na próxima vez melhorar ou tentar de outra forma.
Este resultado foi muito importante para mim, mas não o suficiente para me acomodar. Senti que precisava mais e fui à busca da técnica: estudar, ler, pesquisar, fazer cursos, observar colegas trabalhando, experimentar outras possibilidades e formas. Todas as informações que buscamos são importantes e ficam gravadas como arquivo na memória, quando menos esperamos, elas se manifestam, até inconscientemente.
Se quiser investir na carreira comece fazendo um bom curso, ele pode te ajudar a adiantar muitas etapas e encontrar caminhos. Mas não pense que apenas fazendo um curso e tendo um diploma em mãos a vida estará resolvida, doce ilusão!
E nunca pense que você já sabe tudo e que é o melhor no que faz. As técnicas, os produtos e as tendências mudam constantemente, por isso é preciso buscar atualizações o tempo todo. Esse mercado de trabalho é muito dinâmico, quem ficar estagnado dança! E como tem profissional estagnado, parado no tempo, que trabalha no sistema ‘carimbo’ (sempre a mesma coisa em todo mundo).
Com dezessete anos de profissão, sinto que ainda tenho tanto a descobrir e aprender. A cada etapa planejada e alcançada descubro que quero e que tenho muito mais a aprender. É isso que me dá prazer na profissão. Trabalho a quinze anos para uma das maiores e mais respeitadas marcas de cosméticos do Brasil, O Boticário. Sou Maquiador e Consultor Criativo de duas linhas de maquiagem (Intense e Capricho), que me trazem muitas alegrias e desafios diários. Preciso me reinventar o tempo todo, lançamos em média cinco a seis coleções por ano, não tem como ficar parado repetindo processos. Vou repetir mais uma vez: ‘o mercado de trabalho é muito dinâmico, quem ficar estagnado dança!’
Hoje o acesso às informações é absurdamente maior do que na época em que comecei a trabalhar como maquiador. Essa não é mais uma desculpa. Se quiser ser um profissional qualificado e respeitado no mercado, se mexa. Sorte e oportunidade são dois fatores que, em minha opinião, contam muito, mas que não são suficientes para garantir uma carreira longa e com consistência, é preciso mostrar competência!
Não planejei ser maquiador, não sonhei com essa profissão como muitos de vocês devem sonhar. Sou formado em Ciências Contábeis e também fiz Administração de Empresas, trabalhei nove anos nessa área. Na verdade meu sonho era ser ator de teatro (confuso, né?). Deixeis minha vida estabilizada no Rio Grande do Sul para tentar a sorte e realizar meu sonho em São Paulo (loucura, né?). Descobri minha paixão pela maquiagem no teatro. Uma paixão deu lugar à outra, sorte a minha! Então, se você realmente sonha e deseja trabalhar nessa área corra atrás, o mercado é competitivo sim, como na grande maioria das profissões. Defina o foco da sua carreira de maquiador: publicidade, televisão, cinema, teatro, efeitos especiais, moda, social (salão), formação, consultoria… são tantas opções. Acho que é preciso focar naquela que se tem mais afinidade/habilidade e se dedicar.
Além do meu trabalho como Maquiador e Consultor Criativo no desenvolvimento das linhas Intense e Capricho de O Boticário, também faço publicidade. São dois segmentos da maquiagem bem diferentes e que me dão muitas alegrias e ao mesmo tempo exigem focos diferentes.
Nem sempre o trabalho tem aquela pegada glamourosa, normalmente são horas incansáveis, em pé, com a coluna doendo, em locações que não tem infraestrutura de camarim com luz e ar condicionado. Já fiz publicidade que a diária durou 23hs e no outro dia tinha que estar em outro job com a cara e a disposição de quem tinha dormido 8hs.
A profissão também pode trazer sequelas físicas (como muitas outras). Eu, por exemplo, tenho desgaste na lombar devido à postura inclinada para o lado e tendinite, adquiridos nesses anos todos de trabalho.
O mercado também é muito competitivo e fechado, para entrar em determinado segmento é difícil, precisa ser apadrinhado, apresentado e ganhar a confiança! Cada revista, cada fotógrafo, cada marca que desfila nas Fashion Weeks, cada produtora, cada cliente tem seus maquiadores preferidos. E para se conseguir espaço e entrar nesses universos, infelizmente não é fácil. Mas é normal, porque é preciso que eles tenham confiança, segurança e identificação com os profissionais com quem trabalham.
Para quem está começando a carreira, ou pretende começar, a dica é tentar uma vaga como assistente. Grandes maquiadores começaram suas carreiras dessa forma. Procurar uma agência, um agente ou um salão para te introduzir no mercado. Ser muito dedicado e focado ajuda muito, pode ter certeza!
Ser maquiador(a) vai muito além de ‘aparecer’ na revista ou na TV, ou de maquiar uma ‘artista’. Quem acha que é uma profissão de puro glamour está muito enganado. ‘Ser famoso’ ou ‘ser conhecido’ é importante para nossa carreira, porque abre caminhos e novas possibilidades de trabalho, mas não é tudo. Acho que isso deve ser uma consequência do trabalho. O meu maior tesão na profissão é quando estou num estúdio ou set de filmagem, maquiando, construindo um personagem, um conceito. É quando estou numa processo de criação de uma coleção, desenvolvendo cores, fórmulas e produtos! AMO a ‘mão na massa’.
Normalmente os maquiadores também são cabeleireiros, eu não sou. Tentei, mas não tenho talento e não gosto. Quando se faz as duas coisas é muito mais fácil conseguir trabalho. Perdi (e ainda perco) muitos trabalhos porque não faço cabelo, mas tenho sobrevivido bravamente nesses anos todos! Admiro quem faz as duas coisas bem feitas, no entanto a maioria dá muito ‘truque’. Não acho isso profissional, mas fazer o que!
Só para constar, eu nunca trabalhei em salão (não tive a oportunidade), também nunca fui agenciado por agência e nem por agente. Sempre cuidei da minha carreira pessoalmente, tenho controle de tudo o que faço e quero fazer. Certamente o fato de ter trabalhado na área administrativa me ajuda muito. Tem seu lado bom, mas ter alguém que cuide da sua carreira pode ser muito positivo e pode te impulsionar mais rapidamente para o sucesso.
Adoraria poder fazer alguma coisa pelas centenas de pessoas que me pedem ajuda para começar ou deslanchar na carreira, mas infelizmente não tem muito que eu possa fazer. Quando tiver oportunidades avisarei na minha Fan Page lá no Facebook.
Mais uma coisa, gostar muito de maquiagem é uma coisa, ser maquiador(a) é outra! Pense muito nisso.
Para fechar esse post, quero ilustrar com a imagem de duas maquiadoras que respeito, admiro muito e que tive a oportunidade de conhecer: Pat McGrath e Bobbi Brown.
Bjão e Boa Sorte!
Dicas do chefe